No domingo (25), os cidadãos suíços rejeitaram a iniciativa de proibir a criação intensiva de animais em quase 65%. A maioria dos cantões (estados) também a rejeitou. É necessária uma dupla maioria do povo e dos cantões, por isso a iniciativa foi rejeitada.
Apenas o cantão da Basileia-Cidade aceitou a iniciativa contra a criação intensiva com 55,2%.
A proposta, apoiada por organizações de direitos animais e antiespecistas, queria consagrar na Constituição suíça a proteção da dignidade dos animais e uma proibição da criação intensiva.
Embora a ética e o bem-estar animal fossem o objetivo declarado da iniciativa, o meio ambiente nunca esteve longe do debate. Após um verão de seca, os defensores viram a reforma como uma forma de adaptar a agricultura suíça à luta global contra a mudança climática, o que exige uma redução no consumo de carne e a realocação de terras para produzir mais vegetais e menos ração animal.
A presidente da Fundação Franz Weber, Vera Weber, apoiadora da iniciativa, considera uma vitória que “toda a Suíça tenha discutido o problema da criação intensiva e do nosso consumo de carne”.
1 062 674 voix ! Merci à toutes les personnes qui, par leur OUI, s’engagent pour une agriculture tournée vers l’avenir et respectueuse des animaux. Pour nous, la lutte continue ! pic.twitter.com/gYISVITp7A
— Initiative contre l’élevage intensif (@elevageintensif) September 25, 2022
Durante a campanha, os adversários do projeto advertiram que os custos subiriam e seriam repassados aos consumidores. Eles temiam que isto encorajasse ainda mais o turismo de compras e a importação de carne e ovos do exterior.
Os cidadãos suíços, como consumidores, não queriam abrir mão de suas escolhas alimentares ou preços razoáveis. Mais uma vez, a ameaça da concorrência estrangeira se mostrou decisiva; o mesmo argumento prevaleceu em iniciativas anteriores voltadas para a agricultura. Toda vez que padrões agrícolas mais rígidos são propostos, o lobby da pecuária afirma que as reformas abrirão as portas para alimentos importados de menor qualidade.
Apesar de medidas governamentais serem de grande importância para que a mudança exista, todos nós temos um grande poder ao escolher o que colocamos no nosso prato, seja na Suíça ou no Brasil. A cada compra de alimentos, estamos decidindo que tipo de mercado estamos apoiando.