O número de animais selvagens diminuiu 69% nos últimos 50 anos, de acordo com um relatório divulgado pela World Wildlife Fund (WWF). Nele, foram analisadas 32 mil populações de espécies vertebradas monitoradas em todo o planeta. 

O maior declínio aconteceu na América Latina, de 94%. No Brasil, o relatório Planeta Vivo identificou ameaças específicas a símbolos nacionais, como o boto cor-de-rosa da Amazônia. 

“Os botos têm grande capacidade de se aproximar e interagir com humanos, o que acaba gerando situações de conflito com a atividade pesqueira que, frequentemente, terminam com a morte de indivíduos da espécie. Como se trata de mamíferos, assim como nós, eles também são particularmente afetados pela poluição do mercúrio despejado nos rios pelo garimpo. Os altos níveis de mercúrio levam ao desenvolvimento de vários problemas de saúde e esta é uma condição compartilhada por botos e populações ribeirinhas”, explica Mariana Napolitano, gerente de Ciências do WWF-Brasil.

Perda da biodiversidade por continente. Imagem: WWF Brasil

Outras espécies ameaçadas no país são: a onça, o tatu-bola, corais e lagartos da Caatinga.

Segundo o estudo, é nas regiões tropicais que as populações de vertebrados monitorados estão despencando em um ritmo particularmente impressionante. No caso das populações de água doce, em menos de uma geração houve uma queda média de 83%, o maior declínio entre os grupos de espécies avaliadas. A perda de habitat e as barreiras às rotas de migração são responsáveis ​​por cerca de metade das ameaças às espécies de peixes migratórios monitorados. 

O relatório indica que os principais fatores do declínio das populações de vertebrados em todo o mundo são a degradação e perda de habitat, exploração, introdução de espécies invasoras, poluição, mudanças climáticas e doenças. 

Marco Lambertini, diretor geral da WWF, disse que sua organização está “extremamente preocupada” com os novos dados e que o mundo precisa repensar suas práticas agrícolas: “Os sistemas alimentares hoje são responsáveis por mais de 80% do desmatamento em terra”.

O relatório argumenta que produzir alimentos de forma mais sustentável, aumentar os esforços de conservação e descarbonizar rapidamente todos os setores pode reduzir as crises das mudanças climáticas e da perda de biodiversidade.