O governo francês publicou um novo projeto de decreto com o objetivo de proibir termos como “bife”, “churrasco” ou “costelas” sendo usados para descrever alternativas vegetais à carne.

Em 2022, a França já havia tentado uma medida semelhante, porém foi considerado muito vago e suspenso pelo mais alto tribunal administrativo da França, o Conselho de Estado.

Agora, o Ministério da Agricultura preparou um novo decreto, que, segundo eles, leva em consideração as reclamações dos juízes.

O decreto foi submetido à Comissão Europeia para verificação em relação às suas detalhadas regras de rotulagem de alimentos.

O projeto de decreto se aplica apenas a produtos fabricados e vendidos na França, não a importações europeias.

Ele busca proibir uma lista de 21 nomes de carne para descrever produtos à base de plantas.

Outros 120 nomes associados à carne, como “linguiça”, “presunto”, “nugget” ou “bacon”, seriam permitidos somente se os produtos não excedesse uma certa quantidade de proteínas vegetais (entre 0,5% e 6%).

Marc Fesneau, ministro da agricultura da França, afirmou que o novo decreto do governo trata de ajudar os consumidores e “uma questão de transparência e honestidade, em resposta às legítimas expectativas dos consumidores e produtores”.

Brigitte Gothière, do grupo francês de direitos dos animais L214, tuitou que o decreto era um exemplo de “manipulação”, chamando o ministério da agricultura francês de “o ministério da carne”.

“As pessoas confundem óleo de motor, óleo de girassol e óleo de jojoba? Eu acredito que não. Assim como elas não confundem bife vegano com bife de carne.”

Realizando o comparativo, Florimond Peureux, presidente da ONAV (Observatoire national des alimentations végétales), disse o seguinte:

“Todos os veganos já compraram por engano produtos que contêm leite, ovos ou carne devido a embalagens enganosas ou formulações inesperadas. Ninguém jamais comprou bife vegetal por engano”.

A França continua sendo uma nação predominantemente consumidora de carne e é o país europeu com o maior consumo de carne bovina e vitela por habitante.

De acordo com uma pesquisa Ifop em 2020, menos de 1% da população francesa é vegana, e a própria palavra “vegano” havia adquirido associações políticas negativas devido a conflitos relacionados ao ativismo contra açougues.

Cerca de 24% dos franceses se identificam como flexitarianos e estão reduzindo o consumo de carne. No entanto, estudos têm mostrado que as vendas de produtos veganos em supermercados franceses, incluindo carne vegana, são menores do que em países vizinhos, como o Reino Unido.