Três grandes organizações britânicas de bem-estar animal estão pedindo que as corridas de galgos sejam proibidas, de modo a acabar o mais rapidamente possível com mortes desnecessárias de centenas de cães todos os anos.

A Dog Trust, Blue Cross e Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals (RSPCA) há muitos anos tentam melhorar as condições dos cães envolvidos nesta prática, mas apenas o fim dessa crueldade vai proporcionar segurança aos animais.

“As corridas de galgos são inerentemente perigosas para os cães envolvidos. Correr a grande velocidade nas pistas ovaladas provoca graves lesões a muitos deles e, em alguns casos, as lesões são tão graves que é necessário eutanasiar o cão”, afirma a RSPCA.

Em uma postagem no Twitter, eles também disseram que “milhares de cães sofrem ferimentos e centenas morrem em pistas de corrida todos os anos” e que “nenhum cachorro deveria ficar ferido ou perder sua vida pelo entretenimento”.

A Greyhound Board of Great Britain (GBGB) é a organização autorregulada que rege as corridas de galgos na Grã-Bretanha e os seus dados revelam que mais de 2.000 galgos morreram e perto de 18.000 ficaram lesionados em corridas entre 2018 e 2021.

Esse vídeo postado pela organização americana GREY2K, que luta pelo fim dessa exploração no mundo inteiro, mostra a corrida onde o cachorro chamado “Super Slow”, de um ano de idade, se acidentou. Ele quebrou a perna quando colidiu com o trilho no Iowa Greyhound Park e foi eutanasiado. Era mais barato matá-lo do que salvá-lo.

Condições de vida dos animais

A grande maioria dos galgos usados para corridas comerciais levam vidas terríveis de confinamento, passando de 20 a 23 horas por dia trancados em pequenos canis. Eles mal têm espaço para se levantar ou se virar.

Cães enjaulados em West Virginia, EUA. – Foto: GREY2K

As inspeções do canil também são insuficientes e pouco frequentes. No Reino Unido, onde os galgos de corrida passam 95% do tempo confinados, os canis são inspecionados apenas duas vezes por ano, e os regulamentos sobre exercícios, alimentação e luz “adequados” são vagos e subjetivos.

Nas pistas de todo o mundo, os animais sofrem rotineiramente acidentes, tendo as pernas quebradas e outros ferimentos graves. Muitos deles inclusive testam positivo para drogas, incluindo cocaína.

Nessa indústria cruel e desumana, eles são forçados a correr em épocas de calor ou frio extremo, apesar de serem extremamente sensíveis à temperatura, devido ao seu pelo curto e baixa gordura corporal. Eles também são frequentemente transportados por longas distâncias, onde às vezes acabam morrendo durante o trajeto.

Além de todo o sofrimento imposto a eles, em alguns lugares do mundo os “treinadores” usam iscas vivas, como coelhos, gambás e porquinhos, para incitar o instinto de perseguição em galgos jovens.

Essa atividade doentia foi proibida na Austrália, Irlanda, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos. No entanto, o treinamento com isca viva é extremamente difícil de encontrar e prevenir.

Os cachorros começam a correr por volta dos seus 18 meses de idade, e muitos nem sequer chegam à idade de “aposentadoria” aos 4 ou 5 anos.

Alguns galgos “aposentados” são colocados para adoção, outros são enviados para fazendas de criação, e o destino de muitos é desconhecido. 

Outros encontram um destino sombrio ao serem enviados para bancos de sangue, onde têm seu sangue rotineiramente coletado e vendido.

Corridas de galgos não são proibidas em todo o Brasil

Após terem sido proibidas na Argentina e Uruguai, as corridas de galgos começaram a se tornar comuns em cidades de fronteira do Rio Grande do Sul, como Quaraí, Uruguaiana, Santana do Livramento e Bagé.

O programa Fantástico, da Rede Globo, realizou uma reportagem sobre o assunto em janeiro de 2021. Uma investigação da RBSTV flagrou uma dessas corridas na cidade de Santana do Livramento, mostrando os cães correndo diante de um pano que imita as feições de uma lebre, puxado por um cabo.

Sem saber que estava sendo gravado, um homem que cria galgos de corrida para venda, admitiu as sequelas.

Quebra uma mão, quebra uma perna. Esses dias, correndo lá em Bagé, quebrou o garrão (pata)

Em fevereiro de 2021 o governador do RS assinou um decreto proibindo as corridas de galgo no estado.

O texto, publicado no Diário Oficial do Estado, também proíbe o extermínio, os maus-tratos, a mutilação e a manutenção de animais domésticos de estimação em cativeiros que se encontrem em condições insalubres.

Já em janeiro de 2022, o governador de Santa Catarina sancionou a lei que proíbe as corridas de cães e o abandono de animais domésticos no estado.

Corra até a morte: a ascensão e queda das corridas de galgos

Em “Run To Death: The Rise & Fall Of Greyhound Racing”, o cineasta Ryuji Chua dá uma visão abrangente da história da indústria, seu declínio e os inúmeros problemas de abuso de animais que a atormentam. O filme se baseia no trabalho dos incríveis grupos de defesa dos galgos em todo o mundo que já levaram essa questão para onde está hoje.

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