A transferência do elefante Sandro, que há 40 anos vive no zoológico público da cidade de Sorocaba para o Santuário dos Elefantes do Brasil, no Mato Grosso, vem gerando grande repercussão.
O Ministério Público recomendou a transferência de Sandro para um santuário após a morte de Hayza, companheira do animal por 20 anos, o que fez com que ele tivesse que viver sozinho em seu recinto no zoo.
No dia 12 de março, a prefeitura de Sorocaba havia acatado a decisão, porém voltou atrás depois que grupos com interesses políticos e financeiros protestaram pela permanência do animal enclausurado no Zoo de Sorocaba.
Diante do posicionamento dos técnicos da prefeitura contra a mudança, o MP entrou com pedido de tutela de urgência na Justiça para que a transferência de Sandro seja imediata.
A Justiça deu então prazo de dez dias, a partir desta sexta-feira, 1º, para que a prefeitura informe sobre os aspectos técnicos e veterinários que envolvem a viagem.
O santuário informou que há um ano espera a liberação da transferência do elefante de Sorocaba para suas instalações, que já estão preparadas para receber o novo morador.
Atualmente, o santuário abriga cinco fêmeas asiáticas. Conforme o biólogo Daniel Moura, um dos diretores do santuário, o transporte será supervisionado por especialistas com décadas de experiência, e que já fizeram mais de 100 transferências de elefantes, com idades e condições de saúde diversas.
Com esse impasse na transferência, vídeo antigo da elefanta Hayza fazendo truques no zoológico de Sorocaba veio à tona. O vídeo mostra ela sendo forçada a fazer números circenses de várias maneiras, se equilibrando em apenas duas patas. O vídeo ainda mostra ferros e ganchos pontiagudos espalhados pela porta do cabeamento, com a finalidade de afastar os animais.
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A elefanta faleceu no final do ano de 2020 logo após @forum.anima ter ingressado com uma ação judicial pedindo que o zoo apresentasse todos os documentos referentes aos cuidados veterinários. A necropsia feita na elefanta apontou morte natural em função da idade avançada.
Conforme apurado pelo g1, o promotor Jorge Marum fez um pedido na última segunda-feira (28) para que seja apurado se o vídeo se enquadra em maus-tratos.
A ONG Animais Importam está acompanhando juridicamente a transferência de Sandro e pede o apoio de todos para continuar com seu trabalho.
Animais em cativeiro
Segundo o Santuário de Elefantes Brasil, o próprio ato de mudar o ambiente de um elefante e recebê-lo no Santuário pode ser suficiente para mudar o estado de sua saúde, principalmente quando o elefante vem de um ambiente impróprio. Temos visto isso acontecer repetidamente. Uma mudança emocional começa a acontecer muito rapidamente, enquanto fisicamente, o corpo gradualmente volta ao equilíbrio ao longo do tempo.
Muitos problemas em cativeiro podem levar à morte precoce de elefantes, porque muitas vezes esses ambientes não atendem às suas necessidades básicas. Um elefante saudável deve pastar de 15 a 18 horas por dia, andando sobre substratos naturais como terra, lama, áreas úmidas e áreas secas (em vez de concreto e areia). A combinação dessas superfícies variadas nutre suas patas de uma maneira que aconteceria na natureza. O fato de isso não acontecer com frequência em cativeiro significa que os problemas nas patas são comuns. A combinação de infecção nas patas, osteomielite e artrite tornam os problemas nas patas e nas articulações uma das principais causas de morte em elefantes em cativeiro.
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