Esta manhã (29), cerca de 100 golfinhos nariz-de-garrafa foram caçados e assassinados em Skálafjörður, nas Ilhas Faroe, incluindo uma fêmea grávida e um filhote, sendo a maior matança dessa espécie em mais de 120 anos.

Os animais foram cercados e conduzidos 45 km, durante mais de 5 horas, por lanchas e jet-skis até as águas rasas de uma baia, onde são encalhados. Eles permanecem em sofrimento por várias horas antes de serem assassinados por pescadores que costumam os atacar com facas.

Esse é o mesmo local em que aconteceu o massacre em setembro do ano passado, onde 1428 animais foram mortos em um único dia, o maior número já registrado de animais na “tradicional” caça anual. 

Resposta ao governo

Isso ocorre apenas algumas semanas após o governo das Ilhas Faroe anunciar que vai continuar autorizando a caça, mas com um limite de 500 golfinhos por ano, apesar da indignação nacional e internacional.

“A morte de 100 desses golfinhos é um sinal político para mostrar ao mundo que os caçadores de golfinhos nas Ilhas Faroé não se importam com a opinião de seu próprio povo ou da comunidade internacional”, disse Astrid Fuchs, gerente de políticas da WDC (Whale and Dolphin Conservation).

As organizações  Avaaz, Only One e SeaLegacy, a WDC recentemente apresentaram ao primeiro-ministro das Ilhas Faroé uma petição representando 1,3 milhão de cidadãos globais pedindo o fim imediato da caça aos golfinhos. 

Também foram fornecidas evidências científicas para a revisão das caças pelo governo, assim como o resultado de uma pesquisa de opinião nas Ilhas Faroé que revelou que a maioria dos seus habitantes acredita que a caça aos golfinhos deve terminar porque há pouca demanda pela carne e eles não fazem parte do o tradicional grind de baleia-piloto.

“Com o governo das Ilhas Faroé não tomando as medidas necessárias para impedir a caça, continuaremos nossos esforços para acabar com essas atividades cruéis nas Ilhas Faroé”, conclui a WDC.

Organizações de proteção animal

A organização Sea Shepherd, que documentou o massacre, disse: “Esta caça aos golfinhos e, de fato, a morte de todas as baleias-piloto e golfinhos nas Ilhas Faroé, é simplesmente vergonhosa e causará mais indignação nacional e internacional”.

“Mais uma vez, alguns dos animais mostram marcas de corte de hélices de barcos onde os barcos colidiram sobre eles.”

Especialistas da organização OceanCare, que condenou o ato “insensível”, disseram que o nariz-de-garrafa geralmente vive em unidades sociais estreitamente ligadas, e a caça potencialmente exterminou todo um grupo social para sempre.

Na primeira caçada deste ano, em maio, 63 baleias-piloto foram mortas por caçadores faroenses, incluindo 10 mães grávidas e seus filhotes ainda não nascidos.

Mais tarde naquele mês, mais 119 baleias-piloto foram mortas.

A WDC diz que a caça aos golfinhos não é tradicional nas Ilhas Faroé, mas a captura das criaturas tem sido incidental à caça de baleias-piloto.

Os golfinhos-nariz-de-garrafa são estritamente protegidos pela Diretiva de Espécies e Habitats da UE, que se aplica à Dinamarca, mas as Ilhas Faroé não são membros da UE.

Mark Simmonds, diretor de ciência da OceanCare, disse: “A inteligência do golfinho-nariz-de-garrafa é bem conhecida. Assim, os membros deste grande grupo estariam cientes de que estavam sendo caçados e estariam cientes, uma vez encalhados na praia, que membros de seus grupos sociais também estavam angustiados e sendo mortos ao seu redor.”