Mais de 1,1 milhão de tartarugas marinhas foram mortas ilegalmente nos últimos 30 anos, de acordo com uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade Estadual do Arizona.

Apesar das leis para protegê-las, cientistas estimam que cerca de 44.000 tartarugas em 65 países foram mortas e exploradas ilegalmente todos os anos na última década, conforme noticiado pelo The Guardian.

As tartarugas marinhas são caçadas para serem usadas como alimento, na medicina e ou vendidas como artefatos, decoração ou joias. A caça e o tráfico de tartarugas fazem parte de um mercado global de vida selvagem ilegal que chega a US$ 23 bilhões (quase R$ 120 bilhões) por ano, segundo a ONU.

Jesse Senko, professor assistente de pesquisa da Universidade Estadual do Arizona e um dos principais autores do estudo, disse: “Os números são realmente altos e quase certamente sub-representados, porque é muito difícil avaliar qualquer tipo de atividade ilegal”.

Metodologia do estudo

Para estabelecer a magnitude da caça ilegal de tartarugas, os pesquisadores examinaram mais de 209 diferentes artigos de periódicos revisados ​​por pares, relatórios de mídia arquivados, questionários e relatórios de organizações de conservação. Eles analisaram as tartarugas inteiras ou subprodutos de tartarugas – cabeças, caudas, conchas – que foram mortas ilegalmente, incluindo aquelas que foram traficadas ou tentaram ser traficadas através das fronteiras.

O estudo identificou cerca de 43.000 tartarugas como sendo traficadas entre 1990 e 2010, mas isso provavelmente é uma grande subestimação, disse Senko.

Regiões identificadas

O sudeste da Ásia e Madagascar são pontos críticos para a caça de tartarugas marinhas, de acordo com o relatório. O Vietnã é onde começa a maior parte do tráfico ilegal de tartarugas marinhas, e a China e o Japão são os mercados mais populares para produtos ilegais de tartarugas.

Os países em desenvolvimento continuarão a fornecer as tartarugas ilegais enquanto os países de renda mais alta continuarem a exigi-las como bens de luxo, disse Senko. “Em várias culturas, ter uma tartaruga empalhada em casa pode ser um símbolo de status”, disse ele.

Espécies afetadas

Cerca de 95% das tartarugas caçadas são provenientes de duas espécies principais: tartarugas-verdes e tartarugas-de-pente. 

Tartaruga-verde nadando – Parque Nacional Marinho dos Abrolhos de nível Federal, Caravelas (BA)

Essas espécies estão listadas como ameaçadas e criticamente ameaçadas, respectivamente, mas, nas áreas em que estão sendo visadas, disse Senko, havia populações relativamente grandes e estáveis. Isso significa que o efeito do tráfico ilegal é um pouco contido.

Outra constatação mais positiva do relatório é o cálculo de que a exploração ilegal de tartarugas marinhas diminuiu 28% nos últimos 10 anos. Os pesquisadores do estudo acreditam que o declínio se deve ao aumento da proteção legal.

Esses novos dados sobre quais tartarugas estão sendo atacadas e onde podem ajudar a determinar como os conservacionistas e legisladores devem agir para proteger as populações de tartarugas marinhas no futuro, de acordo com Senko.