Uma pesquisa com jovens australianos da Universidade de Sydney descobriu que, embora a maioria acredite que a mudança climática seja antropogênica – causada por humanos – menos da metade entende o impacto da criação de animais e do consumo de carne.
A grande maioria da Geração Z, aqueles nascidos entre 1995 e 2010, acredita que a mudança climática está sendo causada através de atividades como a queima de combustíveis fósseis, desmatamento e resíduos. Mas apenas pouco mais de um terço entende como o consumo de carne está contribuindo para as emissões.
Aqui seguem os resultados de maneira mais detalhada do que os participantes acreditam que seja uma fonte significativa da crise climática:

Principais contribuintes para as mudanças climáticas (porcentagem da amostra total) de acordo com a amostra do estudo da geração Z australiana
- 85% afirmam que seja o carvão, os combustíveis fósseis e outras formas insustentáveis de energia;
- 59% acreditam que seja o desmatamento e perda de biodiversidade;
- 58% pensam que seja o plástico, lixo e desperdício de alimentos;
- 55% acreditam que sejam as práticas de consumo e estilo de vida – como bens e serviços;
- 54% pensam que são os transportes;
- 53% acham que são as grandes indústrias;
- 45% consideram que seja o crescimento da população global.
Embora quase dois terços tenham apontado o desmatamento como o principal contribuinte para as mudanças climáticas, pouco mais de um terço (38%) acredita que a pecuária (incluindo o consumo de carne e práticas insustentáveis de criação de animais) são os principais contribuintes.
A pesquisa foi realizada de forma online, com participantes australianos de 18 a 26 anos das cidades de Sydney, Melbourne, Brisbane, Perth, Canberra e Adelaide.
“Os jovens serão os mais afetados pelas mudanças climáticas e já estão pagando o preço pelas emissões históricas”, disse a pesquisadora principal, Dra. Diana Bogueva.
Ela continuou dizendo: “Há uma clara desconexão em jogo – enquanto o aquecimento global está no topo do radar da Geração Z, o nexo entre as mudanças climáticas e os alimentos ainda não foi devidamente compreendido pelos jovens australianos”.
Sem mudanças urgentes nas escolhas alimentares da Geração Z, agora e no futuro, o consumo de carne e a produção pecuária continuarão a impulsionar as emissões globais, e não acho que esse seja o futuro que os jovens desejam.
A pesquisa foi publicada na revista Animals. O professor Marinova e a Dra. Bogueva também publicaram recentemente o livro Food in a Planetary Emergency, que explora como a produção e o consumo global de alimentos estão impactando o meio ambiente e contribuindo para as emissões, oferecendo um caminho positivo e sustentável a seguir.
Problemática
Alimentos derivados de animais, principalmente carne vermelha e carne processada, têm o maior impacto sobre o ambiente natural em termos de uso de terra, degradação do solo, emissões de gases de efeito estufa, perda de biodiversidade terrestre, e também pode contribuir para o desenvolvimento de doenças, como câncer, diabetes e doenças cardiovasculares.
Os sistemas alimentares atuais representam um problema óbvio que as pessoas desconhecem em grande parte e aqueles que estão reduzindo sua ingestão de proteínas de origem animal são uma pequena minoria.
A forma como estamos comendo, de maneira geral, é atualmente responsável por cerca de um quarto de todos os gases de efeito estufa produzidos pelo homem, um número que ainda deve aumentar, se medidas não forem tomadas.

Essa forma de se alimentar também causa enorme sofrimento, de forma completamente desnecessária, aos animais.
As Nações Unidas estimaram que a produção agropecuária foi responsável por quase 90% do desmatamento mundial. Outras fontes estimam que três quartos do desmatamento são causados pela agropecuária, com a maior parte da produção proveniente das indústrias de carne bovina, óleo de palma, soja (principalmente usada para alimentar animais) e extração de madeira.