Marcelinho Huertas, armador da seleção brasileira de basquete, mudou para uma alimentação à base de plantas em 2017, e conta que isso o permitiu prolongar sua carreira no esporte.

O atleta de 39 anos detalhou os motivos e as consequências dessa escolha em uma entrevista dada ao Estadão.

Ele renovou recentemente com o Lenovo Tenerife, da Espanha, por mais duas temporadas e tem como principal objetivo estar presente nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, quando terá 41 anos.

“Dificilmente eu estaria aqui, jogando em alto nível, aos 39 anos”, afirmou o jogador.

Marcelinho contou que tomou essa decisão, em primeiro lugar, por uma questão de saúde e performance, mas que hoje já é um estilo de vida, levando em conta o impacto no meio ambiente e a crueldade animal.

No começo, ele estudou bastante e buscou inspiração nos diversos atletas de elite que seguem uma alimentação vegana, como Serena Williams, Lewis Hamilton, Novak Djokovic e alguns jogadores da NBA.

Resultados da mudança

“Esses últimos anos consegui performar em um nível extraordinário. Também tive uma melhoria muito grande em relação ao meu corpo, não sinto mais nada de dor articular, de ligamento, algo que eu tinha no passado. É até estranho. (…) A carne, o leite, todos os lácteos, eles geram uma inflamação dentro do seu corpo e isso claro, quando você tem um esforço grande, acaba botando carga, gera mais inflamação sobre uma inflamação. A sua recuperação muscular não é igual, acaba tendo uma fadiga muscular muito grande. Seu corpo não consegue fazer com que ele se recupere rápido porque você está colocando mais coisas inflamatórias dentro dele. Então foram muitos sinais positivos que fizeram com que eu aderisse”.

Ao ser questionado sobre quantos anos de carreira ele acredita ter ganho graças à mudança, ele diz que: “Não sei quantos anos, mas acho que dificilmente eu estaria aqui, jogando em alto nível, aos 39 anos, se eu não tivesse feito essa mudança”.

Curiosidade e dificuldades

Ele também conta que muitas pessoas têm curiosidade, e que hoje em dia muitos atletas estão fazendo essa transição. Além disso, hoje em dia já tem outros atletas que seguem uma dieta de origem vegetal na sua equipe da Espanha.

O atleta disse que uma das dificuldades que encontra nas viagens com a equipe é a falta de opções em alguns lugares como hotéis.

“Às vezes eu como peixe por falta de opção em alguma viagem. (…) Mas tento fazer isso o mínimo possível. O importante é ter bons hábitos e manter uma regularidade”.

Por mais que uma alimentação vegana esteja cada vez mais popular, ainda existem estabelecimentos que não se preocupam em atender todos os tipos de público. É possível comer vegano na maioria dos lugares, mas isso pode exigir um certo planejamento e antecipação, como, por exemplo, ligar previamente ao local pedindo se seria possível a preparação de refeições sem ingredientes de origem animal.

Inclusive, essa é uma ótima forma de ativismo, mostrando aos estabelecimentos novas opções e pedindo por uma maior oferta de alimentos veganos.