Crianças foram flagradas realizando perigosos trabalhos nas fábricas de processamento de carne da brasileira JBS, nas unidades de Minnesota e Nebraska, nos EUA.
Por meio de uma investigação conduzida desde agosto deste ano, foi constatada a presença de ao menos 31 crianças, entre 13 e 17 anos de idade, trabalhando ilegalmente em ocupações perigosas. Elas eram contratadas pela empresa de limpeza Packers Sanitation Services (PSSI), prestadora de serviços a diferentes processadoras de carne, incluindo a JBS.
Os trabalhos realizados pelos menores incluíam a limpeza de equipamentos perigosos com produtos de limpeza corrosivos e a limpeza de pisos onde os animais são mortos.
O Departamento do Trabalho descobriu que vários deles, incluindo um jovem de 13 anos, sofreram queimaduras químicas cáusticas e outros ferimentos. Outro menino de 14 anos, que trabalhava das 23h às 5 da manhã, cinco a seis dias por semana, sofreu ferimentos por queimaduras químicas de máquinas de limpeza usadas para cortar carne. Os registros escolares mostraram que o aluno costumava adormecer na aula ou faltar aula por causa do trabalho na fábrica.
O grupo de meninos e meninas não era fluente em inglês e foram entrevistados principalmente em espanhol, segundo informação dos investigadores do caso.
As regras de trabalho infantil proíbem que menores de 14 anos trabalhem e proíbem os de 14 e 15 anos de trabalhar depois das 21h. durante o verão e depois das 19h. durante o ano escolar. Eles também estão proibidos de trabalhar mais de três horas em dias letivos, mais de oito horas em dias não letivos e mais de 18 horas por semana. Menores de idade não podem operar veículos motorizados, empilhadeiras ou outros equipamentos perigosos.
De acordo com as evidências iniciais encontradas, os investigadores acreditam que a prática ilegal esteja presente em aproximadamente quatrocentas outras plantas no país.
Diante das acusações, o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos solicitou o impedimento temporário imediato da prestação de serviços da PSSI. No dia 10 de novembro um juiz federal acatou a solicitação, impactando as operações da empresa, que conta atualmente com 17 mil trabalhadores responsáveis pela limpeza de aproximadamente setecentas plantas frigoríficas ao redor dos Estados Unidos.
Unidades de processamento de carne
Embora essa história seja absolutamente horrível, as fábricas de processamento de carne são lugares terríveis para se trabalhar, independentemente da sua idade. Os trabalhadores se envolvem em trabalhos árduos e perigosos, às vezes forçados a ficar tão próximos uns dos outros que acabam se cortando com suas facas.
Os trabalhadores de matadouros sofrem algumas das maiores taxas de lesões e desmembramentos no trabalho. Além disso, a grande maioria dos trabalhadores de frigoríficos são pessoas de cor, imigrantes e de famílias de baixa renda – fato que torna mais fácil para a indústria da carne explorar sua força de trabalho.
Caso de trabalho infantil no Brasil
Em setembro de 2016, a Justiça do Trabalho de Santa Catarina manteve a condenação do Grupo JBS por utilizar o trabalho terceirizado de adolescentes em aviários.
Os jovens eram contratados para fazer a chamada “apanha do frango”, que consiste em capturar os animais com as mãos e colocá-los dentro de caixas que são transportadas de caminhão até os frigoríficos.
Por expor os trabalhadores a uma série de agentes biológicos nocivos e outros riscos, a atividade é considerada insalubre e proibida aos menores de 18 anos, assim como qualquer trabalho rural. Segundo a denúncia do MPT, alguns dos adolescentes também trabalhavam no período da noite, o que é vedado pela legislação.