Nesta quinta-feira (24), seria a primeira vez que a Assembleia Nacional francesa iria discutir e votar a proibição das touradas no país.
Porém, durante a semana, a pressão contra a medida foi crescendo, com o próprio governo de Macron se opondo à proibição.
“Precisamos buscar uma conciliação, uma troca”, disse o presidente da França, Emmanuel Macron.
💬 “Il ne va pas y avoir d’interdiction demain” de la corrida annonce Emmanuel Macron pic.twitter.com/x5rxKzSWK2
— BFMTV (@BFMTV) November 23, 2022
“Devemos levar em conta as especificidades e costumes locais aos quais nossos compatriotas estão legitimamente ligados. E a condição animal e a sensibilidade que desperta, principalmente entre as gerações mais jovens. (…) Quando falamos de caça, tauromaquia, do tema da condição animal, temos de abordá-lo”, e “da mesma forma temos de olhar para o que está na nossa cultura”, continuou.
O próprio autor do projeto, o deputado Aymeric Caron, decidiu retirar a proposta da pauta após “obstrução” de centenas de emendas apresentadas por parlamentares de outros grupos.
Caron disse que sentia muito, mas prometeu que esse não será o fim de sua luta.
Touradas já são proibidas em parte do país
As touradas já são proibidas na maior parte da França. Porém, dez departamentos no sul e sudoeste se beneficiam de uma exceção, sob a justificativa de serem uma “tradição local ininterrupta”.
Cerca de 160 a 200 touradas, conhecidas como “corridas”, são realizadas nessas áreas a cada ano, com cerca de 1.000 touros sendo morrendo nos ringues.
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A maioria da população francesa é contra a exploração animal nas touradas. Segundo uma sondagem da Ifop realizada este ano, 74% deles seriam de fato a favor da proibição desta crueldade. Dentre as pessoas com menos de 35 anos, 89% são a favor da proibição das touradas contra “apenas” 69% entre as pessoas com 35 anos ou mais.
Tortura animal
Cada “combate” de 20 minutos, em que um matador enfrenta um touro de 400 ou 500 kg, é elaborado em três atos extremamente cruéis.
No primeiro ato, um homem armado montado a cavalo, conhecido como picador, enfraquece o animal apunhalando-o no pescoço com uma longa lança. No segundo ato, os assistentes do matador – conhecidos como banderilleros – cravam arpões em suas costas.
O espetáculo de tortura e sofrimento culmina na “estocade”, quando o toureiro desfere um golpe fatal ao enfiar sua longa espada de metal na parte superior das costas do animal para atingir seu coração.
“Tecnicamente, a espada do matador não pode alcançar o coração, então, na melhor das hipóteses, ela atingirá um grande vaso sanguíneo ao redor dele, o que significa que o animal morre lentamente de hemorragia interna”, disse a ativista dos direitos dos animais Sophie Maffre-Baugé à RFI.
“Tudo isso é aplaudido”, ela continua, “por isso é realmente um show baseado no sofrimento animal. É extremamente bárbaro e em 2022 temos que nos libertar de tanta crueldade”.