A Nova Zelândia anunciou que as exportações de animais vivos estarão proibidas a partir de abril de 2023.

O país já havia proibido a exportação de animais para abate em 2008, mas atualmente ainda é permitido a exportação deles para reprodução, o que em breve não será mais possível.

Há dois anos, um navio que transportava vacas e bois afundou, com 6 mil animais e 41 tripulantes morrendo afogados. Dois neozelandeses morreram na ocasião, fato que aumentou o apoio à proibição.

O projeto de emenda ao bem-estar animal foi assinado na quinta-feira, com o governo dizendo que a medida visa proteger a reputação da Nova Zelândia à medida que os consumidores se tornam mais eticamente conscientes. 

“Ela protege a reputação não apenas de nossos agricultores agora, mas dos agricultores do futuro”, disse o ministro da Agricultura, Damien O’Connor.

No início deste ano, mais de 15.000 ovelhas se afogaram depois que um navio de exportação afundou no Sudão e, em 2020, um capotamento matou 14.000 ovelhas. Em 2021, 3.000 bovinos ficaram encalhados no mar por três meses, deixando muitos mortos, famintos ou extremamente desidratados.

Exportações de animais vivos na Nova Zelândia

No ano passado, 134.722 bovinos foram exportados da Nova Zelândia.

O’Connor observa que, devido ao fato de a Nova Zelândia estar relativamente distante dos países para onde exporta, os animais podem sofrer ainda mais do que o habitual nessas viagens.

“O afastamento da Nova Zelândia significa que os animais ficam no mar por longos períodos, aumentando sua suscetibilidade ao estresse térmico e outros riscos associados ao bem-estar”, disse ele.

Sofrimento animal

A cada ano, em todo o mundo, 11 milhões de animais são confinados em navios e transportados por longas distâncias para serem mortos em outros países.

Além do estresse do ambiente desconhecido, das temperaturas elevadas e do balanço constante dos navios, eles são obrigados a viver por semanas em espaços apertados e tendo que deitar sobre as próprias fezes e urina.

A ONG Mercy for Animals realizou o documentário “Exportação Vergonha”, narrado pela Luisa Mell, que mostra a crueldade que passam esses animais.

O Brasil é um dos maiores responsáveis por isso continuar acontecendo. Ao longo da última década (2012-2021), o país exportou, por via marítima, em torno de 2,6 milhões de bovinos vivos, quantidade inferior apenas à exportada pela Austrália.