Neuralink, uma startup co-fundada por Elon Musk em 2016, está desenvolvendo um implante cerebral que busca ajudar pessoas com paralisia a andar novamente e pessoas cegas a recuperarem sua visão.
Mas, para conseguir chegar nesse objetivo, a empresa vem realizando testes em animais. Uma recente denúncia de funcionários contou à Reuters que os experimentos estão dando terrivelmente errado.
Agora, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) abriu uma investigação sobre possíveis violações da Lei de Bem-estar Animal na Neuralink. Essa é uma atitude rara para uma agência que geralmente não interfere quando se trata de pesquisa com animais.
Ainda em 2017, quando a Neuralink realizava experimentos em macacos na Universidade da Califórnia em Davis, o grupo The Physicians Committee for Responsible Medicine (PCRM), que luta por alternativas ao uso de animais na pesquisa, obteve detalhes dos experimentos.
A náusea de um macaco rhesus foi “tão forte que o animal vomitou e teve feridas abertas em seu esôfago antes de finalmente ser morto”, de acordo com Ryan Merkley, diretor de defesa de pesquisa do PCRM.
Os cirurgiões usaram um adesivo não aprovado para preencher espaços abertos no crânio de um animal, criado a partir da implantação do dispositivo Neuralink, “que então causou muito sofrimento ao animal devido à hemorragia cerebral”, disse Merkley.
Ele também apontou para “instâncias de animais que sofrem de infecções crônicas, como infecções por estafilococos em que o implante estava na cabeça. Havia animais arrancando os cabelos e se automutilando, que são sinais de saúde psicológica muito precária em animais de laboratório e são muito comuns em macacos rhesus” e outros primatas.
Antigos e atuais funcionários da Neuralink contaram à Reuters que Musk coloca uma intensa pressão na equipe para agilizar os testes em animais para que possa começar logo os testes em humanos. Isso pode estar contribuindo para experimentos mal sucedidos que precisam ser repetidos.
Desde 2018, quando passou a realizar os testes em um laboratório próprio, pelo menos 1500 animais foram submetidos a um intenso sofrimento e mortos – dentre eles ovelhas, porcos, macacos e ratos. Esse valor é apenas uma estimativa, já que a empresa não mantém registros atualizados sobre as mortes.
Em um dos casos mencionados pelas fontes, 25 porcos morreram em 2021 após terem dispositivos de tamanho errado implantados em suas cabeças. O erro, segundo os próprios funcionários, poderia ter sido evitado se tivessem tido mais tempo de preparação. Por conta disso, o teste foi refeito em 36 ovelhas, que também morreram após o fim da pesquisa. Ou seja, mais mortes aconteceram devido ao erro inicial.
Musk, que sempre se viu como um agente de mudança, deveria estar aprimorando e criando novas tecnologias que não testam em animais e são muito mais eficazes para uso humano.
De acordo com o Instituto Nacional de Saúde (NIH), 95% das drogas farmacêuticas que funcionam em testes com animais falham em testes com humanos.