O Ibama autuou a Prefeitura de Sorocaba após uma fiscalização realizada em setembro constatar irregularidades graves no recinto do elefante Sandro, mantido no Zoológico Municipal Quinzinho de Barros.

O relatório aponta que o espaço apresenta teto abaixo da altura mínima, tanque de água com profundidade insuficiente e ausência de áreas de sombra, condições incompatíveis com as necessidades básicas de um elefante em cativeiro.

A decisão, divulgada em 1º de dezembro, impõe multa diária de R$ 1.100 até que o município adeque o recinto às normas ou providencie a transferência do animal.

O caso também foi encaminhado ao Ministério Público de São Paulo, que deve analisar a possível prática de maus-tratos.

Em resposta, a prefeitura informou que estuda recorrer administrativamente da autuação e, se necessário, questionar a decisão na Justiça. A administração municipal afirma realizar melhorias no local e diz que Sandro recebe cuidados veterinários constantes.

Quatro décadas de cativeiro e denúncias repetidas

Sandro, hoje com cerca de 53 anos, vive há mais de quatro décadas no zoológico de Sorocaba. Documentos oficiais mostram que os problemas estruturais do recinto vêm sendo relatados desde pelo menos 2008, incluindo infiltrações, áreas de contenção inadequadas, tanque fora dos padrões e espaços sem sombreamento suficiente.

Em 2020, a morte da elefanta Haisa, sua única companheira, agravou o debate sobre sua permanência no zoológico. 

Transferência ao Santuário de Elefantes Brasil já foi determinada pela Justiça

Em abril de 2025, uma decisão judicial determinou que Sandro fosse encaminhado ao Santuário de Elefantes Brasil (SEB), no Mato Grosso, local especializado na reabilitação de animais resgatados de zoológicos e circos. O prazo inicial para a transferência era de 45 dias.

A prefeitura, porém, recorreu e conseguiu suspender a mudança. Entre os argumentos apresentados, citou a idade avançada do animal, os riscos da viagem de 1.500 km e uma suposta “adaptação difícil” ao novo ambiente.


O santuário, por sua vez, afirmou estar preparado para receber Sandro e declarou que as avaliações clínicas exigidas já haviam sido atendidas.

Diversas organizações de bem-estar animal e especialistas independentes afirmam que a permanência de Sandro no zoo, isolado, em recinto inadequado e sob irregularidades documentadas, oferece riscos maiores do que uma transferência planejada.

Situação permanece indefinida

Com a nova autuação do Ibama, a permanência de Sandro em Sorocaba volta a ser questionada. Se a prefeitura não se adequar às exigências ou não apresentar solução definitiva, o caso pode resultar em novas ações judiciais e acelerar a transferência do animal.

Quarenta anos depois de sua chegada ao zoológico, Sandro continua no centro de uma disputa entre decisões ambientais, interesses administrativos e o direito básico a um ambiente digno e adequado para viver.

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