A Coreia do Sul vai parar de explorar milhares de animais em testes de toxicidade, após decisão histórica do Ministério da Segurança de Alimentos e Medicamentos do país.
Esse método desatualizado era realizado no controle da qualidade de grandes lotes de produtos farmacêuticos e vacinas, onde ratos e porquinhos-da-índia eram usados.
Esses animais eram alimentados à força ou injetados com novos produtos, para ver a reação no seu corpo. Para analisar os efeitos nos órgãos internos, todos eles eram mortos.
O teste foi originalmente introduzido na década de 1950 e permaneceu um padrão, apesar do crescente aumento de evidências científicas questionando a fiabilidade.
As diretrizes da Organização Mundial da Saúde já haviam aconselhado o fim desse teste ainda em 2018 e lugares como União Europeia, Estados Unidos e Canadá já não realizam mais. No Japão e na Índia, o teste pode ser dispensado para alguns produtos.
Borami Seo, gerente sênior de políticas da HSI/Coreia, disse:
Comemoramos esta tão esperada alteração que acaba com um teste de animal obsoleto. Esse teste era necessário apenas para fins regulatórios, apesar das evidências que mostram sua falta de valor científico. (…) Esperamos que, com este importante passo, a Coréia se mova ainda mais rapidamente, mostrando seu compromisso de desenvolver novas tecnologias e reformar diretrizes regulatórias com métodos não animais.
A HSI recebeu uma doação da Bill & Melinda Gates Foundation para trabalhar com autoridades reguladoras e partes interessadas do setor em todo o mundo para eliminar ou substituir regulamentos de animais redundantes para produtos humanos e veterinários.
Experimentos em animais no país
Em 2016, a Coreia do Sul anunciou a proibição de testes em animais para cosméticos. A Assembleia Nacional da Coreia aprovou uma lei histórica para impedir que as empresas testem produtos ou ingredientes finais até 2018.
A proibição entrou em vigor dois anos antes do esperado. Seguiu-se anos de trabalho cooperativo entre a Cruelty Free International e o representante Jeong-Lim Moon, que por sua vez fez a ligação com o Ministério da Segurança Alimentar e de Medicamentos.
No entanto, a proibição deixou brechas que permitiram que os testes em animais continuassem. Isso foi exposto em 2019, após um relatório do Ministério da Agricultura, Alimentação e Assuntos Rurais. O relatório afirmou que 2.106 animais sofreram em “toxicidade e outras avaliações de segurança”. Os testes foram realizados sob “lei relacionada a cosméticos” em 2018, após a proibição.
O relatório também revelou que 24.353 animais foram usados como cobaias sob “leis relacionadas a produtos químicos industriais”.
Os consumidores na Coreia do Sul querem ver maiores proteções implementadas para os animais. Em 2020, o Eurogroup for Animals informou que uma pesquisa da Realmeter, encomendada pela HSI, descobriu que mais de 83% das pessoas querem que o governo financie alternativas aos experimentos com animais.
Além disso, 81% queriam ver os impostos gastos para encontrar métodos de teste sem animais.
Em fevereiro deste ano, a proibição da distribuição e venda de cosméticos testados em animais (incluindo ingredientes) entrou em vigor como uma revisão da Lei de Cosméticos da Coreia do Sul. Mais uma vez, as brechas permitem testes em animais quando a alternativa é considerada muito difícil de facilitar.