A Coca-Cola foi anunciada como patrocinadora apoiadora da conferência climática COP27, que acontece entre os dias 6 e 18 de novembro, em Sharm-El Sheikh, no Egito.
O anúncio surpreende, devido à posição da Coca-Cola como a maior poluidora de plástico do mundo, pelo quarto ano seguido. Isso é confirmado pelas auditorias anuais da Break Free From Plastic (BFFP), que descobriu que a empresa criou mais resíduos plásticos do que o segundo e o terceiro maiores poluidores juntos.
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“Por meio da parceria COP27, o sistema Coca-Cola pretende continuar explorando oportunidades para construir resiliência climática em seus negócios, cadeia de suprimentos e comunidades, ao mesmo tempo em que se envolve com outros atores do setor privado, ONGs e governos para apoiar ações coletivas contra as mudanças climáticas”. disse um porta-voz da Coca-Cola.
Greenwashing
Ativistas climáticos estão acusando a empresa de greenwashing (termo em inglês para se referir ao falso marketing verde) e se preocupam com a mensagem que esse patrocínio passa, e em como isso poderia afetar as negociações.
Nyombi Morris, ativista climático de Uganda e embaixador do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários, se pronunciou sobre o caso:
“Quando os poluidores dominam as negociações climáticas, não obtemos bons resultados. Como ativista africano, estou preocupado que mais lagos nossos vão ficar cheios de plástico de novo”
Poluição plástica
O plástico é um dos poluentes mais persistentes da Terra. É feito para durar – e dura, muitas vezes por 400 anos ou mais. E a cada passo do seu ciclo de vida, mesmo muito tempo depois de ter sido descartado, o plástico cria emissões de gases de efeito estufa que estão contribuindo para o aquecimento do nosso mundo.
Quase todo o plástico é derivado de materiais (como etileno e propileno) feitos de combustíveis fósseis (principalmente petróleo e gás). O processo de extração e transporte desses combustíveis e, em seguida, a fabricação de plástico cria bilhões de toneladas de gases de efeito estufa. Por exemplo, 4% da produção anual de petróleo do mundo é desviada para a fabricação de plástico e outros 4% são queimados no processo de refino.

A poluição plástica afeta todas as espécies. – Foto:
Tim Mossholder (Unsplash)
De forma alarmante, pelo menos 8 milhões de toneladas de plástico descartado também entram em nossos oceanos a cada ano, e a poluição plástica no mar deve dobrar até 2030. O plástico foi encontrado no lugar mais profundo da Terra – na Fossa das Marianas, quase 11 quilômetros abaixo do nível do mar.
Em nossos oceanos, que fornecem o maior sumidouro natural de carbono para gases de efeito estufa, o plástico deixa um legado mortal. Ele sufoca uma série de animais e habitats marinhos e pode levar centenas de anos para se decompor.
A única maneira de resolvermos o problema agora é reduzir a produção de plástico, especialmente os de uso único, e aumentar a reciclagem.
Mudança do sistema alimentar na COP27
Pela primeira vez, a COP terá espaços dedicados à mudança do sistema alimentar, destacando o impacto ambiental da indústria alimentícia para delegações de mais de 200 países.
O pavilhão de 130 metros quadrados é apoiado por uma série de organizações, incluindo ProVeg International, Compassion in World Farming e Food Tank, apresentando a necessidade de mudar o sistema alimentar para cumprir as metas climáticas.
O local sediará palestras diárias, com oportunidades para delegados de estados membros da ONU se conectarem com ONGs, indústria comercial, instituições acadêmicas e pesquisadores.
Além do pavilhão Food4Climate, haverá o Food Systems Pavilion, organizado por uma coalizão de 15 organizações, incluindo Clim-Eat, Coalition of Action for Soil Health (CA4SH) e Environmental Defense Fund.
A coalizão por trás do Pavilhão Food4Climate também se juntou a outras 160 organizações pedindo que a alimentação servida na COP27 seja majoritariamente à base de plantas.