O Departamento de Agricultura, Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural da África do Sul (DALRRD) impôs regras de rotulagem rigorosas para alimentos à base de plantas.
Com efeito imediato, todas as referências a termos como “carne” devem ser removidas das embalagens de produtos vegetais, ou os fabricantes podem ser proibidos de vender.
Enquanto a Associação Sul-Africana de Processadores de Carne (SAMPA) sustenta que esses termos são “enganosos”, as empresas plant-based discordam. Tammy Fry, da marca sem carne Fry Family Foods, por exemplo, diz que a terminologia usada para vender seus produtos é o oposto de confusa:
“As descrições de nossos produtos desempenham um papel importante em ajudar os consumidores a entender como usá-los”.
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A medida foi recebida com decepção e confusão, pois parece desafiar os planos iminentes da África do Sul de lançar uma legislação sobre mudanças climáticas.
Apesar do governo sul-africano admitir que a industrialização e a agricultura estão criando um legado irreversível de danos climáticos; o mesmo governo está agora prejudicando um setor de mercado em crescimento que oferece oportunidades para que os indivíduos reduzam sua pegada de carbono.
Em uma extensão ao ato, uma das maiores redes de mercado da África do Sul, a Woolworths, foi informada de que não era mais permitido vender a alternativa vegetal “Just Egg” como ovo, devido ao fato de não vir de “galinhas domésticas”. A carta também afirmou que a embalagem era “enganosa” na medida em que se referia a “ovos de plantas”.
A ProVeg comentou que tais atos estão reivindicando o monopólio de “carne” e “ovo” como termos para rotulagem de alimentos, o que é injusto, dada a capacidade dos itens à base de plantas de replicar fielmente a experiência gustativa.
“A regulamentação desrespeita o consumidor. Não há evidências para mostrar que as pessoas se confundem com nomes de carne para alimentos à base de plantas. De fato, evidências da Austrália, Europa e EUA provam que não estão confusos”, disse Donovan Will, diretor nacional da ProVeg África do Sul em comunicado.
“Nós realmente pedimos ao governo que derrube essa regulamentação. Em um momento em que os países estão buscando maneiras de enfrentar as mudanças climáticas, devemos fazer todo o possível para incentivar um setor baseado em plantas vibrante e inovador”.
Em 2021, a Universidade de Cornell descobriu que os participantes não ficaram confusos com termos relacionados a “carne” em alimentos à base de plantas. De fato, os pesquisadores argumentaram que a omissão dessas palavras “faz com que os consumidores fiquem significativamente mais confusos sobre o sabor e os usos desses produtos”.
Preocupações de rotulagem semelhantes ainda não foram levantadas no setor de laticínios à base de plantas na África do Sul, embora preveja-se que será o próximo passo.