Em abril, a Arla Foods, a maior empresa de laticínios da Grã-Bretanha, lançou uma campanha – apoiada por sua própria pesquisa – argumentando que o aumento do veganismo entre os jovens é responsável pela crescente precariedade da indústria de laticínios.

Intitulada “Don’t Cancel the Cow” (Não cancele a vaca), a campanha sugere que as escolhas das pessoas em não consumir laticínios são mal informadas.

Em uma pesquisa realizada pela empresa, metade dos entrevistados da Geração Z disse que se sente envergonhada de pedir laticínios na frente de outras pessoas da sua idade, enquanto 57% disseram que planejavam parar de consumir laticínios completamente.

A campanha da Arla ganhou pouca força nos meios de comunicação, sendo apenas o exemplo mais recente do desespero da indústria. Desde fevereiro de 2018, a indústria de laticínios promove “Februdairy” em resposta à ascensão do Veganuary, campanha incentivando a adesão ao veganismo no mês de janeiro.

Chas Newkey-Burden, escritor e ativista pela libertação animal, acredita que “os produtores de leite estão subitamente aterrorizados porque as pessoas estão vendo o que eles fazem, ao mesmo tempo que as alternativas à base de plantas estão crescendo em qualidade e popularidade”.

Foto por Human Cruelties

De fato, o mercado de alternativas à base de plantas está crescendo. Um em cada três britânicos agora bebe leite vegetal, acima de um quarto em 2020, uma tendência que a União Europeia aparentemente tentou interromper. Em 2017, o Parlamento Europeu baniu as palavras “queijo” ou “leite” para alternativas à base de plantas, enquanto uma emenda recente (sem sucesso) aos regulamentos existentes tentou proibir a “imitação ou evocação” de produtos lácteos – por exemplo, iogurte vegano sendo vendido em potes de iogurte.

 

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Essas tentativas de tornar as alternativas veganas “menos atraentes”, diz Kai Heron, pesquisador de economia política com interesse especial em pecuária leiteira, estendem-se à grande indústria leiteira financiando rotineiramente pesquisas que apontam que as dietas veganas são prejudiciais aos humanos – por exemplo, que as alternativas ao leite levam a deficiências de vitamina D em crianças, que o leite integral promove um peso saudável e que as crianças que bebem leite de vaca crescem mais do que aquelas que bebem alternativas vegetais – de maneiras que pesquisas imparciais não corroboram.

Com apenas cerca de 2-3% da população sendo vegana, não são eles que estão prejudicando as margens de lucro dos laticínios; eles são apenas um alvo fácil. As gerações mais jovens são mais propensas a serem veganas – e considerando a indústria de laticínios predominantemente gerenciada por homens brancos de meia-idade, o veganismo se tornou o campo de batalha de uma guerra cultural intergeracional.

Com o custo de vida aumentando, Heron acredita que os agricultores e outros trabalhadores devem procurar “oportunidades para construir solidariedade” para um futuro mais habitável para todos – incluindo as vacas.

Suas propagandas enganosas querem nos fazer acreditar que as vaquinhas são felizes, enquanto a verdade é que essa indústria é uma das mais cruéis com os animais.