Em 1990, Francis, que na época era conhecido apenas pelo código KH27, pulou uma cerca de mais de um metro de altura e fugiu de um abatedouro em Red Deer, no Canadá. A cena inesperada emocionou a comunidade local, que viu naquele gesto um ato de coragem e instinto de sobrevivência. Numa época sem redes sociais, adultos e crianças se mobilizaram enviando cartas à prefeitura para pedir que sua vida fosse poupada.
Durante vários meses, Francis conseguiu viver livre nas redondezas da cidade. Ele se refugiava em áreas verdes, percorria trilhas e até revirava lixeiras em busca de comida, sempre atento e evitando contato direto com pessoas. Moradores contavam que ele havia até conseguido escapar de predadores, o que aumentava ainda mais a sua fama de sobrevivente.
Com a chegada do inverno rigoroso canadense, cresceu o receio de que o porquinho não conseguisse resistir sozinho. Foi decidido então que ele deveria ser levado para uma fazenda, onde poderia viver protegido. No entanto, Francis, que só havia conhecido o lado mais cruel dos humanos, demonstrava medo e não deixava ninguém se aproximar. Para capturá-lo, foram disparados três dardos tranquilizantes. Um deles perfurou seu intestino e causou uma infecção grave. Poucos dias depois, em 1º de dezembro de 1990, Francis faleceu de peritonite.
Aquele animal que dentro do abatedouro não tinha importância alguma para as pessoas e estava prestes a ser morto passou a receber respeito e admiração assim que foi visto como indivíduo. Sua história ganhou força e foi preservada pela memória coletiva da cidade. Recentemente, a estátua de bronze que já existia em sua homenagem foi renovada e reinaugurada em um espaço público visitado por famílias, retratando tanto sua força quanto sua vulnerabilidade.
Francis não pôde viver a vida livre que merecia, mas continua sendo lembrado como símbolo de resistência. Sua trajetória segue ensinando que todos os animais, independentemente da espécie, são seres inteligentes, sensíveis e merecedores de compaixão e respeito.