Retirados de seu habitat e mantidos em cativeiro, 512 animais silvestres foram resgatados durante a primeira semana de operação da 11ª Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do São Francisco, que começou no dia 20 de novembro no Sertão de Alagoas.
Dentre os animais salvos pela equipe Fauna, estavam 486 aves, 19 jabutis, 1 sagui, 1 tatupeba e 5 preás. Eles estão recebendo atendimento veterinário e vão passar por uma reabilitação para poderem retornar à natureza.
![](https://carnenuncamais.com/wp-content/uploads/2022/11/whatsapp-image-2022-11-27-at-092510-300x186.jpeg)
Ações da FPI nesta primeira semana ocorreram no alto sertão alagoano – Foto: Jonathan Lins / Ascom FPI do São Francisco
O médico veterinário Rick Vieira, da ONG SOS Caatinga, explicou que mais de 90% dos animais resgatados chegam ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) com desnutrição severa. Segundo ele, muitos deles não recebem alimentação adequada para a sua espécie quando estão em cativeiro.
Ele conta também que o hábito de criar animais silvestres, principalmente aves, ainda é muito forte no Sertão de Alagoas. “Eles sofrem muita crueldade, como a amputação das asas e as pessoas costumam cegá-los, para que cantem. Mas aquele som é um pedido de socorro”, relata o veterinário.
![](https://carnenuncamais.com/wp-content/uploads/2022/11/whatsapp-image-2022-11-27-at-092342-1-1024x682.jpeg)
(Foto: Jonathan Lins / Ascom FPI do São Francisco)
O médico veterinário e consultor ambiental do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), Rafael Cordeiro, diz que o principal objetivo da Equipe Fauna é a manutenção das espécies, oferecendo suporte médico, alimentação e condicioná-los para que voltem ao seu habitat.
“A FPI é importante para reforçar o combate ao crime contra esses animais. As pessoas precisam saber também que, caso queiram criar animais silvestres, elas podem se cadastrar como criador amador, buscar a legalização junto ao IMA. Outro ponto importante é trabalhar a educação ambiental. Despertar nas pessoas que precisamos preservar a nossa fauna”, reforça.
Infelizmente, alguns ficam impossibilitados de ganhar a liberdade por estarem muito debilitados ou acostumados com a presença humana.
Tráfico de animais silvestres
Animal silvestre não é pet! Essa prática humana extremamente cruel de retirar os animais da natureza para aprisioná-los em pequenas jaulas causa enormes problemas de bem-estar para eles e riscos à saúde humana e ao meio ambiente.
Nenhum animal silvestre tem suas necessidades inteiramente atendidas em um ambiente doméstico. É impossível reproduzir o espaço e a liberdade que ele teria na natureza. Não importa se o animal silvestre nasceu em criadouro legalizado ou se foi capturado na natureza e traficado. Em cativeiro, ele sofre.
O comércio legalizado, ao contrário do que muitos pensam, não combate o tráfico de animais silvestres no Brasil. A criação e a venda legalizadas incentivam essa prática cruel porque aumentam a procura por essas espécies, colocando em risco as populações de animais que estão livres na natureza.
Outro problema que envolve a criação legalizada de animais silvestres é o envolvimento direto desta prática com o tráfico de fauna.
O relatório da World Animal Protection “Crueldade à venda” revelou que existem muitos casos de fraudes em que os criadores “esquentam” animais recebidos do tráfico para parecer que nasceram em cativeiro.