O governo israelense declarou na última semana que a “tecnologia alimentar, com ênfase em proteínas alternativas” é uma das cinco prioridades nacionais.

A decisão foi tomada em consulta com a organização sem fins lucrativos GFI Israel, que desempenha um papel fundamental na região na promoção de proteínas alternativas como solução para as crises climáticas e alimentares globais.

Alla Voldman-Rentzer, vice-presidente da GFI Israel, comentou:

A decisão de selecionar a tecnologia de alimentos com ênfase em proteínas alternativas como uma das cinco áreas de foco nacional de Israel, posiciona o campo como um motor de crescimento chave para Israel, especialmente em razão das tendências globais, como a crise climática e alimentar global, e também será um ativo estratégico global.

As proteínas alternativas agora poderão beneficiar de alocações de bolsas de pesquisa e planos nacionais através do Ministério da Inovação e Ciência de Israel.

O setor de proteínas alternativas inclui novas opções para carnes, frutos do mar, laticínios e ovos, sejam elas de origem vegetal, produzidas através de processos de fermentação ou feitas a partir de células.

Movimentação na Europa

Após a decisão de Israel, a GFI Europa está agora pedindo à União Europeia e aos estados membros que sigam o exemplo de Israel, caso contrário, correm o risco de ficar para trás. Acacia Smith, gerente sênior de políticas do Good Food Institute Europa, acrescentou:

“Este anúncio é um passo extremamente significativo, demonstrando o compromisso de Israel com proteínas sustentáveis como um pilar fundamental de seus planos climáticos e de segurança alimentar”.

“A Europa tem sido pioneira neste assunto e com um investimento sério em pesquisa, poderíamos liderar o mundo em carne cultivada e à base de plantas. Porém, países como Israel priorizando as proteínas sustentáveis, corremos sérios riscos de ficarmos para trás”, concluiu.

Líder mundial

Israel já é considerado um inovador líder mundial em tecnologia de alimentos que utiliza tecnologias para fabricar produtos de carne e laticínios livres de animais usando agricultura celular, fermentação de precisão e fermentação de biomassa.

Dados adicionais da GFI classificam Israel em primeiro lugar no mundo com 22% dos investimentos globais em proteínas à base de plantas e em segundo lugar no mundo (depois dos EUA) com 38% dos investimentos globais em proteínas derivadas de fermentação.

Grandes apostas do país

No final do ano passado, a Future Meat de Israel, uma empresa de biotecnologia com sede em Jerusalém que cria produtos de frango, cordeiro e carne bovina feitos de células animais, levantou US$ 347 milhões, o maior investimento individual em uma empresa de carne cultivada até hoje.

No setor de proteínas à base de plantas, o negócio mais notável até agora foi o investimento de US$ 135 milhões na Redefine Meat, fabricante de produtos à base de carne impressos em 3D, para financiar linhas de produção em Israel e na Holanda, além de expandir suas parcerias com restaurantes e lanchonetes. Os produtos da empresa incluem cortes de cordeiro e carne sem animais, hambúrgueres, salsichas, kebabs de cordeiro e carne moída, e são vendidos em cerca de 200 restaurantes e estabelecimentos em Israel e na Europa (incluindo restaurantes com estrelas Michelin).

A startup israelense de tecnologia de alimentos Remilk, desenvolvedora de leite e laticínios sem animais, levantou US$ 120 milhões este ano, também um grande investimento. A empresa usa um processo de fermentação à base de levedura para produzir proteínas do leite que, segundo a empresa, são indistinguíveis em sabor e função das proteínas do leite de vaca, mas são livres de lactose, colesterol e hormônios de crescimento.