Nova pesquisa confirma que não apenas as abelhas podem sentir dor, mas também fazem ativamente escolhas sobre sofrer ou não.

Pesquisadores da Queen Mary University of London descobriram que as abelhas podem modificar sua resposta a estímulos “nocivos” (doloridos) de uma maneira que é vista em outros animais como consistente com a capacidade de sentir dor, assim como roedores e primatas.

Segundo Matilda Gibbons, doutoranda da Queen Mary University e primeira autora do estudo:

“Os cientistas tradicionalmente viam os insetos como robôs insensíveis, que evitam ferimentos com simples reflexos. Descobrimos que as abelhas respondem ao dano de forma não reflexiva, de maneiras que sugerem que sentem dor. Se os insetos podem sentir dor, os humanos têm a obrigação ética de não lhes causar sofrimento desnecessário. Mas as leis de bem-estar animal do Reino Unido não protegem os insetos – nosso estudo mostra que talvez devessem”.

Estudo

Os pesquisadores usaram um “paradigma de troca motivacional”, onde os animais devem trocar de forma flexível duas motivações concorrentes. As abelhas podiam escolher entre comedouros não aquecidos ou aquecidos nocivamente (55°C) com diferentes concentrações de sacarose e marcados por cores diferentes.

Quando ambos os comedouros eram de alta qualidade e um deles era aquecido nocivamente, as abelhas tendiam a evitar o comedouro aquecido. Mas as abelhas eram mais propensas a usar os comedouros aquecidos quando continham uma concentração mais alta de sacarose.

A equipe também expandiu o paradigma da troca motivacional, garantindo que essa troca dependesse de dicas (cores) que as abelhas aprenderam a associar a uma maior recompensa de açúcar. Como as abelhas usavam pistas de cores aprendidas para suas decisões, a troca foi baseada no processamento no cérebro, e não apenas no processamento periférico. 

Em outras palavras, as abelhas decidiram sofrer alguma dor ou desconforto para obter uma recompensa maior de açúcar.

Importância das abelhas 

A vida das abelhas é crucial para o planeta e para o equilíbrio dos ecossistemas, já que, na busca do pólen, sua refeição, estes insetos polinizam plantações de frutas, legumes e grãos. Esta polinização é indispensável, pois é através dela que cerca de 80% das plantas se reproduzem.

Apesar de serem cruciais para a alimentação e os ecossistemas, as abelhas não são animais protegidos. Como resultado, estima-se que até 25% das espécies estão ameaçadas de extinção.

As espécies de abelhas são ameaçadas por vários fatores, incluindo pesticidas nocivos que matam as populações de abelhas, perda de habitat e mudanças climáticas. 

Se as abelhas perderem suas casas devido ao desmatamento ou desastres naturais extremos, elas não poderão se reproduzir. Assim, as abelhas não serão capazes de polinizar.

Outros fatores que podem prejudicar as abelhas são práticas antiéticas de apicultura industrial, plantas ou animais invasores e parasitas e patógenos. 

O risco para a biodiversidade se o número de abelhas continuar a diminuir é elevado e medidas precisam ser tomadas pelos governos para protegê-las. Mas, todos podemos ajudar deixando de consumir mel e produtos derivados, além plantar árvores e manter flores com néctar, quando possível.

Exploração das abelhas

Na indústria comercial do mel, existem várias práticas antiéticas que são realizadas em abelhas, incluindo a inseminação instrumental, onde normalmente entre 8 a 12 zangões são esmagados até a morte e têm seu sêmen extraído. A abelha rainha é então contida e tem o sêmen injetado dentro dela.

A abelha rainha geralmente tem uma ou ambas as asas cortadas, o que é feito como um meio de identificá-la e também para evitar a enxameação, que é onde uma única colônia de abelhas se divide em duas ou mais colônias distintas, o que é ruim para os negócios, pois reduz a produção de mel daquela colmeia. 

Além disso, quando as colmeias são colhidas para o mel, elas geralmente são abatidas para o inverno, pois é mais barato matar a colmeia inteira do que garantir que elas tenham comida durante os meses de inverno. Os apicultores também costumam abater colmeias que não estão exibindo o temperamento “certo”.

Para isso, eles costumam selar a colmeia, jogar gasolina, afogá-las com água e sabão, ou sufocá-las com dióxido de carbono. Alternativamente, alguns apicultores prendem as abelhas em grandes sacos de lixo industriais, que são então deixados ao sol para garantir que as abelhas sufoquem até a morte ou morram devido às temperaturas cada vez mais altas no saco. 

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